Espero que tenha tempo para terminar a minha história, afirmo isso pois não sei quanto tempo ainda me resta. Mas espero estar morto em breve, peço que me perdoem se não conseguir chegar ao final. Por isso tentarei relatar partes fechadas da minha curta vida, que certamente serão entendidas pelos senhores.

Adianto que a culpa não é do caminhão que me fez em pedaços. Ele ou melhor um deles pois são muitos, gosto muito de um inteiramente branco, de uma limpeza invejável, esse passa com varias pessoas correndo e gritando, mas existem outros, o que passou por cima de mim foi um velho enferrujado, mas como disse no inicio, não foi culpa dele, ele nem deve ter sentido eu passando na sua frente.

Não é também culpa do vento. O vento e eu sempre brincamos, uma brincadeira de sopra e cai. Essa brincadeira era assim, ele soprava bem leve, eu tremia balançava mas não caia. Nessa hora éramos pleno riso . Eu até caçoava dele dizendo tente soprar mais forte da próxima vez.

Nem posso culpar a água, ela começou bem devagarinho, fazia top, top, top, depois mudou para tolop, tolop, tolop, depois para tulp, tulp, tupl, depois para tululp. tululp, gulp gulp, até chegar ao chuá que era muito rápido. Nesse ponto ficava assim gulp, gulp, chuá. bom creio que já disse que não foi culpa da água.

Poderia culpar o cachorro, mas não posso fazer isso, pois tudo o que ele fez foi beber da água, ele bebia. até o tulp, mas depois, tululp, tululp. gulp, gulp, chuá. Até que outro cão viesse e bebesse mais. E nem posso por a culpa no gato, pois esse passava sempre longe de mim.

O fato é que hoje, um cão viu o gato, enquanto bebia, e ao correr atrás dele me derrubou, a água vazou, o vento soprou e o caminhão passou por cima de mim.

Estou agora em pedaços esperando o que vai acontecer. Pela primeira vez noto a cor do céu, é azul tão azul quanto eu era quando cheguei aqui.

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