Poemas

Poema Sem Pé Nem Cabeça

Foi um passo, passo no paço, apressado e a queda.
Queda de pedra que afronta o passante,
Um passo na pedra do paço.

A queda forte, a vida passada.
Um passo no paço.

Samu, médicos, enfermeiras, advogados, parentes, dementes.
A vida finita, começo do passo, morte no espaço do paço.

Passante “morrente”, demente.

O corpo, porco, atrapalha a missa.

A missa dos vivos.

nada deixou!

Dívidas……

 

Poema. Bom Dia!

Bom dia Sol!
– não vê que me escondo de vergonha?
– então bom dia nuvens!
– que bom dia!?, choro de tristeza..
-humm, ah! Bom dia vento!
– tô fora, fui
-ah é? Então tomem! Bom dia Urubus.. opa, fazer cocô em mim é sacanagem.

E a velhinha cega que passava ao largo…. bom dia senhora?

_ Que bom dia que nada vá se fuder! – credo!!.

O sonho é o feijão

O sonho é o feijão – Reescrito em 10/04/2020


Quem é, vem lá
Nessa rua tão escura
Será minha ilusão
Será um caminhão
Ou será um ladrão

Eu nem me conheço
Perdi minha condução
Estou sem pai nem mãe
Sonhando com um feijão

Se essa hora eu encontro um boteco
Pode ser o do Maneco
Onde devo prestação
Exijo uma atenção
eu sou trabalhador
Sonhando com feijão

Que ilusão,
O cara se apresenta
Aponta o berro exige a comissão
Me leva até o tênis
E me chama de bobão

Eu chego em casa madrugada
Sou mordido por um cão
Apanho da patroa, me dá uma lição
Deito cansado humilhado
E sonho com feijão

A greve dos desesperados

Adaptação de a greve dos desempregados de
Rodrigo Antonio Sarmento 1979.7
O dia amanheceu ao toque de plim-plim
O mesmo sinal vibrando na mesma antena
milhares de pessoas acordam de mão dadas
dada a gravidade da situação
de lares diversos nasce a união
Levantam-se João Leocádio e Manoel
ao tomarem o café todos se preocupam
pois não há mais pão
o show deve continuar
Robôs que são, caminham contando os passos
não há estrelas no céu na terra existem
milhares de pessoas de mãos dadas
dada a gravidade da situação
caminham por diversos caminhos
até se encontrarem sem milagres e nem porretes
e chegam Pedro Maria das dores e Joaquim
não há orador ninguém os ouve
a greve começou
A partir desse dia comum dessa cidade comum
ninguém acordará depois das seis
é proibido ficar parado
Até que um decreto lei
coloque nas mãos de todos um ordenado
e correm Beto Mulato e Baiano
Armados de fome e coragem
invadem a maior das fabricas
e no maior mutirão de suas vidas
multiplicam a produção

Crédito da foto:Cameron Casey no Pexels

O canadense dorminhoco Versão 2020

Após não muito tempo de trabalho
ele encosta o instrumento.
Procura um gole sedento
e se assenta sobre o cascalho.

Quem por esse caminho passa
não escuta ao longe o baque do machado.
Não vê à sombra, aquele ser deitado.
O canadense no chão renega sua raça.

O que dirão seus pais em tal instância?
Seu filho fugindo do dever,
fato triste de se ver.

Passemos, pois, ao pivô da confusão.
O que ele espera da vida ali deitado?
fato que pode deixa-lo odiado,
renegado até por um irmão.

Se pudéssemos arguir o canadense dorminhoco,
ele diria: “quis ser eu mesmo afinal.
Disso não vejo nenhum mal
para que esse trabalho louco?” E o canadense quer continuar.
Por que as pessoas não se preocupam
com os fatos que as ocupam
e deixam de a vida alheia censurar?

A DISPUTA 

_________________  

|                                      |

 

O sonoro despertar acorda a audiência

            e na plateia passos correm

      como correm!

A austeridade da parte adversaria

    é flagrante. 

No monumental silencio que testemunha o veredito

 

há o levante dos jurados,

    e o público se agita. 

E a bola rola

      como rola!

Pé até pé

em um soberbo bailar.

      A bola no pé. 

Pé para mão.

Falta!

Denuncia o juiz. 

Falta. Um coro se escuta.

Bate o centroavante

      com jeito de réu.

Chuta bola como um rei

põe a bola no “barbante”

e é aclamado como herói.

|              GOL              |

__________________

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *