Confissão

Ontem cometi um crime. Ele foi retirado da minha vida da mesma forma que se extirpa um
câncer maligno. Fomos amigos por muito tempo. Ele me contava coisas, algumas sérias, outras
engraçadas. Estávamos sempre juntos. Ele era até ontem como um irmão que me mostrava
coisas boas, algumas ruins, conversávamos de política, de Bolso, de bolsa e de bola. Agora ele
está morto e fui eu quem o matou. Hoje estou triste, pois não é fácil a dor da perda,
principalmente quando o autor do crime é esse que o confessa. Me lembro como senti a sua
falta quando ele foi obrigado a se desligar de mim. Foram horas de angústia compensada com
a felicidade de tê-lo de volta após a queda da liminar. Hoje só vejo o silencia de suas palavras e
ouço com a tristeza dos “infernautas” de Dante, chorando no barco de Caronte, pelas águas do
caudaloso Aqueronte cruzando Epiro. Olho para a tela do smartfone e não o sinto mais.